Já fiz várias viagens para os
Estados Unidos, mas aqui eu vou falar em especial da primeira delas. Parece que foi
ontem, mas tudo aconteceu no início de 1986, ocasião em que viajavam para o
“estrangeiro” somente pessoas de alto poder aquisitivo. Eu era pobre, mas tinha
o principal: a fé em Deus. Sempre acreditei que com aquela fé e a minha
perseverança eu venceria as barreiras financeiras e conseguiria realizar o meu
grande sonho de conhecer a “América”.
Pois é, certo dia eu conversava com meu amigo Charles Lage, que na época era meu chefe no Othon Palace Hotel, em Belo Horizonte e ele me sugeriu: “Ferrão, *sapeca esse carro nos cobres e vai pros Estados Unidos.” Com muita dificuldade eu tinha comprado o meu primeiro carro, uma Brasília com cinco anos de uso. Naquele momento eu fiquei empolgado e comecei a pensar na possibilidade de viajar, entretanto, faltava-me o principal e mais importante, o visto americano. Naquela época não se conseguia um visto como hoje! Segundo as estatísticas, apenas 5% das pessoas que iam ao consulado americano conseguiam o carimbo no passaporte.
Bom, eu não tinha nem o comprovante de imposto de renda que era um dos requisitos principais para se conseguir o visto. Mesmo assim, com a fé em Deus, parti para o Rio de Janeiro para a tão temida entrevista. Com apenas 22 anos, sem nenhuma referência de viagens anteriores e apenas com a minha carteira de trabalho em mãos enfrentei aquela americana de “cara amarrada”, mas que foi muito simpática durante a entrevista.
O resultado daquela conversa foi o prêmio mais valioso que um jovem pobre do interior mineiro poderia receber. O visto americano válido para quatro anos!
No dia seguinte nós nos
despedimos e o Sr José seguiu sua viagem. Eu continuei hospedado no tal hotel
até me ambientar com a cidade, pois ali eu ainda ficaria por algum tempo. (...)
*(sapeca esse carro nos cobres = venda esse carro)
Pois é, certo dia eu conversava com meu amigo Charles Lage, que na época era meu chefe no Othon Palace Hotel, em Belo Horizonte e ele me sugeriu: “Ferrão, *sapeca esse carro nos cobres e vai pros Estados Unidos.” Com muita dificuldade eu tinha comprado o meu primeiro carro, uma Brasília com cinco anos de uso. Naquele momento eu fiquei empolgado e comecei a pensar na possibilidade de viajar, entretanto, faltava-me o principal e mais importante, o visto americano. Naquela época não se conseguia um visto como hoje! Segundo as estatísticas, apenas 5% das pessoas que iam ao consulado americano conseguiam o carimbo no passaporte.
Bom, eu não tinha nem o comprovante de imposto de renda que era um dos requisitos principais para se conseguir o visto. Mesmo assim, com a fé em Deus, parti para o Rio de Janeiro para a tão temida entrevista. Com apenas 22 anos, sem nenhuma referência de viagens anteriores e apenas com a minha carteira de trabalho em mãos enfrentei aquela americana de “cara amarrada”, mas que foi muito simpática durante a entrevista.
O resultado daquela conversa foi o prêmio mais valioso que um jovem pobre do interior mineiro poderia receber. O visto americano válido para quatro anos!
Apenas 15 dias depois eu
embarquei para Miami. Ah, não pensem que foi um voo direto BH/Miami! Naquele
tempo o Aeroporto de Confins era recém-inaugurado e ainda não existiam voos
diretos para os Estados Unidos. Viajei de ônibus de Belo Horizonte para São
Paulo e ali embarquei em uma “sucata” das Linhas Aéreas Paraguaias e, depois de
uma rápida escala em Asunción, parti rumo a Miami.
Desde aquela época eu já era muito
comunicativo e tratei logo de começar uma conversa com o Sr José Silva,
passageiro de Porto Alegre que sentava ao meu lado. Durante a viagem notei que
ele também estava ansioso como eu. Ambos estávamos preocupados com a chegada em
Miami, afinal, chegaríamos de madrugada e não tínhamos reserva em hotel. Eu
tinha uma pequena vantagem por falar um pouquinho de inglês. Isso faria uma
grande diferença ao desembarcarmos. O meu destino final seria Miami, mas o Sr
José apenas dormiria lá para seguir viagem no dia seguinte para a Carolina do
Norte onde residia um irmão dele.
Após passarmos pelo serviço de
imigração nos dirigimos para a área externa do aeroporto onde decidiríamos para
onde ir. Eu tinha sido alertado de que havia um serviço de transporte mais
barato denominado “shuttle service”. Como eu era um turista “pobre”, tinha que
começar a economizar logo na chegada. Procurei um motorista desse serviço e ele
se prontificou a nos levar para Miami Beach, entretanto já foi logo avisando
que seria difícil conseguir um hotel com preço módico devido ser alta temporada
na cidade.
O motorista parou num hotelzinho
chamado Surrey na avenida Collins . Foi até a recepção para saber se havia
disponibilidade e voltou dizendo que seria possível nós ficarmos lá e ele mesmo
sugeriu que ficássemos no mesmo quarto, uma vez que o preço era o mesmo, tanto
para uma ou para duas pessoas. Depois de uma longa e cansativa viagem, nada
melhor que um coxilo numa cama bem confortável!
*(sapeca esse carro nos cobres = venda esse carro)